domingo, 17 de setembro de 2017 0 comentários

poeta

a graça da poesia é sentir-se
inteira
pela metade
quase nada
a graça de ser poeta é sentir
o outro
a dor
a alegria
a tristeza
e tomá-la como sua
em rabiscos
e, por fim, sentir-se
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fragmentada

vivi cada tensão em todo o meu corpo, cada parte de mim pedia socorro quando as letras, uníssonas, não tragavam sequer um mísero som.
era a prisão de sentir aquilo que rodopiava e arrastava e arrasava o que eu havia trilhado pra mim mesma.
me acostumei e fiz das lágrimas minha melhor amiga, do meu travesseiro o consolo, do meu canto, sossego, porque aqui dentro, dentro de mim mesma, no caos que vivi, só havia espaço, um mísero espaço, pra aquilo que eu havia me tornado.
não que aquilo fosse eu. aquilo. não.
mas tornou-se parte de mim que, inevitavelmente, escapoliu e criou raiz.
e, a partir de então, todos os dias, a cada segundo, travo uma guerra comigo mesma. não é fácil ter que lutar contra o que você vê demais, sente demais, pensa demais.
e sabe o pior disso? quase sempre perco.
mas aprendi a viver de fragmentos. do que sou, do que fui, do que quero ser, daquilo que não sou, nem tampouco me tornei. fragmentei-me em pedaços de mim mesma.

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lasca

poderia guardar em mim cada detalhe dos nossos sonhos, daquilo que um dia tornou-se verdadeiro e real em cada linha que desenhamos juntos. dos planos, das certezas, do desejo.
mas cada ponto tornou-se reticências, como se nada fosse certo, como se tudo estivesse dando adeus e, a cada segundo, destruindo cada pintura que havíamos pincelados juntos.
e cada verso do nosso poema reduziu-se a uma palavra: adeus.
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cais

sempre houve um quê, um tanto, um mais
e, assim, de repente
e quase sempre
e a todo instante
subitamente
se esvai
o que antes era certo, certeiro, certeza
deixa de ser
o que tanto sonhou
desbravou outros mares
e pareceu-me que a maré alta te levou
pra longe
bem longe
do meu caos.
quinta-feira, 1 de setembro de 2016 0 comentários

Sendo serei

Hoje eu te lembrei
Lembrei-te dentro de mim
Dentro das minhas lembranças
Das delícias delongas
De longas conversas.

Hoje eu te sorri
Sorri-te dentro do meu lar
Da minha casa, tua morada
Do meu coração afetuoso
De um afeto em ti.

Hoje eu te amei
Amei-te em tudo que há
No pouco que sou
No muito que me tornei
Então tornei-me amor.

E, amor que sou,
Serei.
quinta-feira, 15 de outubro de 2015 0 comentários

Imagina só...

Imagina só, depois de um dia de trabalho
Do cansaço para garantir o futuro
Eu e você, deitados, e nossos pés falando por nós.

Imagina só, depois do Natal em família
Da ceia, da conversa, da hora passada
Eu e você, deitados, e nosso olhar enamorado

Imagina só, depois de trazer o filho da escola
A correria, a animação, as histórias contadas
Eu, você e ele, deitados, lendo outras histórias.

Imagina só, depois de viver uma vida toda
A felicidade, o choro, a vitória, o amor
Eu, você e eles, eternamente apaixonados.

Imagina só...
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Eu em ti, onde?

E foi tanto faz
Tanto fez
Que hoje não sei mais
O que ainda resta
E o que se foi.

Diga-me o que pretendes
Suas entrelinhas são tortas
Seus versos, desorganizados
O que serei eu em sua poesia?

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