terça-feira, 3 de dezembro de 2013 0 comentários

A Contadora de História

Capítulo 2

Já era noite e eu mal podia esperar dar oito horas para sair com o cara mais
gato da faculdade. Não sei se serviu, mas com a opinião do meu querido pai
e do meu amado irmão, usei um vestido justo na cintura e solto embaixo,
na cor preta. Um salto agulha, também preto, mas com um pouco de brilho.
Maquiagem mais simples, apenas para acentuar meu rosto. “Filha, tem um
rapaz na porta”, gritou meu pai.Sim, era o Nick. Desci as escadas o mais
rápido que pude. Ele estava maravilhosamente lindo. Camisa pólo, num tom
agradável de azul com branco. Nunca o vi tão lindo.

- Você está... linda, Chloe. – As palavras quase não lhes saíram da boca.

- Obrigada, Nich, é gentil da sua parte dizer isto.

Ficamos parados, olhando um para o outro, sem dizer nada. Até que...

- Então... Vamos?

- Sim, claro. – Despedi-me dos meus pais.

O lugar ao qual me levara era incrível. Não era muito cheio, mas bastante
agradável. Sentamo-nos, pedi comida italiana. Sim, adoro massa, e adoro a
Itália também. Vinho nem se fala.

- E suas aulas, como estão? – Perguntou-me gentilmente.

- Ah, está dando para levar. E as suas? Conte-me!

- Também acredito que dê. Só tenho que ler 2 livros este final de semana,
cada um com 300 páginas. Mas estou bem.

Rimos, parecendo duas crianças rindo de outra caindo.

- Mas então, Chloe, conte-me mais sobre você.

- O que exatamente você quer saber?

- Ah, não sei. Deixe eu ver... Por exemplo, sobre os seus romances.

- Bem, nem sei o que dizer. Nunca me dei bem com esse lance de
relacionamento. – Um silêncio fincou no ar. – Enfim, é uma longa história.

- Tenho todo o tempo do mundo. – piscou.

Comecei a contar-lhes sobre o meu último relacionamento. Também
contarei a vocês, não se preocupem. Comecei a gostar de um rapaz – óbvio,
Chloe – e este era um cara realmente incrível. Por dentro e por fora.
Gostava de brincar, estar com os amigos, sair, e sempre foi presente na
família. O conheci através de algumas amigas minhas, num baile ainda no
colegial. Conhecemos-nos, dançamos, e, depois, ele me levou ao
estacionamento. Não sou nenhuma burra, fui sabendo o que iria acontecer.
E aconteceu. Nós acabamos nos beijando. Não passou disso, claro.
segunda-feira, 25 de novembro de 2013 0 comentários

Versos de amor


trago versos de amor,
alegria, felicidade
porque me encanta
mais que a tristeza

mesmo quando cai a lágrima
um suor no canto do olho
que desce pra limpar a alma
e nos faz todo novo

versos que encantam
e que traduzem
o jeito de olhar
e a forma mais bela
de se amar
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A Contadora de Histórias

CAPÍTULO 2

- O dia está lindo, não é? – ouvi uma voz sussurrar em meu ouvido,
enquanto estava sentada em frente ao jardim.

- Ah, oi Nicholas, que surpresa! E sim, o dia está maravilhoso. O Sol, como
sempre, irradiando seus raios de beleza.

- Nicholas não, pode chamar-me de Nich, apenas.

- Ah claro, como você quiser, Nich.

Acho que comecei a corar; enrubescer. O dia realmente estava lindo, e com
a beleza daquele rapaz, caramba, o dia ficou maravilhoso. Foi uma conversa
até que rápida, mas deu até para rir. Ele contou-me que assim que chegou
no vestiário, um dos rapazes lançou brincadeirinhas do tipo “Ela é uma
gata, não vai deixar escapá-la, né?” ou “Se tu não quiser, manda pra cá”.
Bem que eu queria que fosse mais que uma brincadeira, mas vejamos no
que vai dar.

Julie e Therri me encontraram no corredor, quando eu estava indo para a
sala. Coloquei a minha bolsa numa das carteiras e elas logo sentaram perto
de mim. Curiosas como são – óbvio, são meninas, e ainda são minhas
amigas – perguntaram-me tudo o que havia acontecido. Contei tudo, o que
não foi muito, mas o que deu pra contar. Elas afirmaram-me que ele estava
caidinho por mim. Mas espera, que experiência elas têm com homens? Julie
nunca namorou e a Therri terminou um relacionamento de duas semanas
há alguns dias. Mas enfim, são minhas amigas e minha obrigação – na
verdade desejo – é concordar com as gatas.

O sinal havia tocado e já era hora de irmos embora. Se não fosse pelo fato,
claro, de que o Nich estava vindo falar comigo. As meninas nos deixaram a
sós, ainda bem.

- Chloe, queria te fazer um convite. – meu coração começou a acelerar –
Quer sair comigo? – Fiquei em silêncio, até acho que o assustei. – Pode ser
um jantar, um almoço ou até mesmo uma saída à tarde. O que me diz?

- Ah Nich, seria ótimo. – Disse, demoradamente.

- Pronto. Passo em sua casa as oito para irmos jantar.

- Combinado.

Despedimo-nos como sempre, mas desta vez foi diferente. Seus lábios se
desviaram um pouco e pude senti-lo no canto da minha boca.
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A Contadora de Histórias

CAPÍTULO 1

Ah como sou inconveniente! Desculpem-me, apresentei a minha família, as
minhas amigas e não disse o meu nome nem como sou. Judicialmente,
chamo-me Chloe, mas sempre gostei de outros nomes, então podem me
chamar também de Jasmine, Leah ou Jennifer, atenderei por qualquer um
deles. Sou branca, tenho olhos verdes, às vezes chegam a ficar azuis, de
estatura média e, segundo minha mãe, sou atraente. Brincadeira. As
pessoas me acham linda. Por dentro ou por fora? Vocês quem decidem,
mas, por favor, não sejam hipócritas, me conheçam antes. Sou
completamente imperfeita, embora eu tente amenizar os meus defeitos
para que os outros não reparem. Não sou das pessoas mais pacientes,
muito menos das que sabe lidar com todo tipo de gente. Às vezes sou
egoísta, às vezes maliciosa, às vezes ingênua e sempre verdadeira. Verdade
pra mim é tudo. Não adianta mentir para mim, a mentira é sempre
descoberta e eu perco a confiança totalmente. Para mim também não existe
meia verdade, ou é verdade ou não é; ou é quente ou é frio; não gosto de
nada pela metade. Se eu me dou por inteira, por que quereria alguém pela
metade? Nananinanão, ou tudo ou nada. Comigo é assim e sempre será.
segunda-feira, 11 de novembro de 2013 0 comentários

Canção para o amor-sorriso-felicidade-tempo

Mas eu precisei entender
No pior rio de lágrimas
Na pior enchente de angústia
Que eu precisava te perder

Mas eu precisei entender
Que tinha que te esperar
Sendo eu e minha solidão
Para ver teu sorriso

Mas eu precisei entender 
Que o amor se constroi
Com o tempo-felicidade
Degrau por degrau

Mas eu precisei entender
Que toda a nossa luta
Foi para que hoje pudéssemos 
Sorrir um para o outro

Sorriso de amor
Sorriso de felicidade
Sorriso de paixão
Sorriso eterno

O nosso sorriso.


sexta-feira, 8 de novembro de 2013 0 comentários

Canção pra dormir de saudades



Parecia mais um sonho
Diferente de tudo que já experimentei
Carreguei a bagagem da felicidade
De um sorriso alegre por ter você

Mas vi que tudo está tão distante
De tudo que já vivemos
De tudo que somos
E de tudo o que seremos

Tento ser menos eu
Pra ser mais você
E deixo que eternize
o nosso nós

É só mais uma noite agitada
De uma sensação que machuca
Mas a saudade é pra quem ama
sexta-feira, 25 de outubro de 2013 0 comentários

A Contadora de Histórias

CAPÍTULO 1

Era a primeira semana de aula, mais precisamente o quarto dia de aula. Eu
estava sentada num daqueles bancos da arquibancada assistindo ao treino
dos meninos. As minhas amigas tinham acabado de ir embora e eu fiquei,
seria bom um tempo sozinha, afinal, sempre estávamos juntas. Desde
pequenas somos chamadas “As três mosqueteiras”. Eu realmente as amo.
Estava até lembrando como nos conhecemos. Estudamos juntas desde a
primeira série, vulgo segundo ano, e não éramos tão unidas. Como toda
escola, tínhamos nossa patotinha. Julie, a morena dos olhos verdes – sim,
isto é incrível –, sempre esteve comigo. Só a Therri que era do contra. Mas
no final, nos ajeitamos e formamos um só coração: as três mosqueteiras.

Voltando à minha realidade de estar sozinha na arquibancada e, em minha
direção, estar vindo um deus grego galego de olhos azuis, musculoso e
atleta, isso parecia mais um sonho. Meu coração subitamente começou
a acelerar ao perceber a sua presença. Além de bonito, era educado.

- Posso sentar com você?

- Claro, fique à vontade. – disse-lhe, mas, claro, gaguejando.

- Nunca te vi por aqui. É caloura?

- Sim, sou.

- Ah, sim. Qual o seu curso? Se me permite saber.

- Estou no primeiro período de engenharia civil. E você?

- Interessante. Deve gostar de contas e ser inteligente. Estou no sexto
período de direito.

O papo desenrolou, o tempo passou que nem percebemos. Os outros
atletas estavam indo ao vestiário, e ele teve que ir junto. Malditos. Disseme
que nos veríamos mais tarde, espero que ele cumpra. Não sou pra
qualquer um, ele vai ter que ralar pra me ter. Mas claro, há considerações
do tipo: você é linda; vou derreter. Depois de papos, voltei para casa, tinha
que meter a cara nos livros. Engenharia é um dos cursos em alta por aqui,
cidade crescendo é sinal de que necessita de muitas construções e
inovações. As pessoas vêem como as pessoas mais loucas, depois dos que
fazem licenciatura em Física, claro. Eles sim são loucos. Mexemos com tudo,
de geometria à instalação hidráulica de uma casa. Aproveito para fazer
minha propaganda, sou barateira.
quinta-feira, 10 de outubro de 2013 0 comentários

Recomeço do fim

Eu conseguia sentir a saudade em seu olhar, o brilho de alguma lembrança que a fazia bem, mas que não passava de um passado. Doía pensar que o coração dela se feria e que o culpado era eu. Não queria esta dor pra mim, imagina para uma menina tão doce, tão meiga, tão serena. Sim, ela é linda! Linda como eu nunca pude imaginar. Não pra mim.


- Em determinada época do ano, tudo fica gelado. Tudo se esfria. Antes tinham flores, depois frutos. Mas parece que nosso relacionamento esfriou. Esfriou de uma forma que eu nunca imaginaria. - Dizia-me, e aquilo soava como uma espada a transpassar minha alma - Eu só queria poder entender.

- Talvez eu saiba onde você quer chegar. Mas eu não quero que cheguemos ao fim. Eu também sinto sua falta, sabia? Sinto falta dos seus dedos entre meus cabelos, fazendo cafuné. Sinto falta do seu abraço carinho. Sinto falta do seu amor...

- Sei que também é culpa minha, culpa nossa. Mas se chegamos até aqui é porque não dá mais certo o nosso futuro. Não juntos.

- Deixa pra lá. Não quero imaginar eu sem você, ou sem nós. Isso de tempo não adianta, não pra gente. Sentimos saudades um do outro, e eu a enxergo em você. Dê apenas uma chance pra gente.

- Mas...

As palavras se perderam no ar. Continuei a olhar nos seus olhos, de alguma forma eu sempre conseguia ver a verdade através dele. Toquei-lhe as mãos e as acariciei, olhando-as. Voltei meu olhar pra ela, mas estava com a cabeça baixa e eu a vi chorar. Levantei seu queixo com uma das mãos, limpei a lágrima que transcorria e acariciei seu rosto. Havia saudade de um amor tão forte e verdadeiro. Nos desgastamos, não o amor, mas nós. Eu a queria de novo em meus braços, queria seu cheiro, seu beijo. 

- Você é o que sempre faltou em mim. - disse-lhe com lágrimas caindo.

A trouxe para perto de mim, abracei-a e depositei nela todo o amor e saudade que tinha. Retirei dela toda tristeza do seu coração. E a amei. Naquele instante. E para sempre.
segunda-feira, 12 de agosto de 2013 0 comentários

A Contadora de Histórias

EPÍLOGO 

Como você está? Alguém já te perguntou isto hoje? Você já fez esta
pergunta a alguém hoje? Pequenos detalhes sempre são necessários em
nossas rotinas. Detalhes, retalhos, sobras, estou aqui para contar histórias,
destroçá-las, ou seja lá qual for a definição que coloquem. Sou uma
contadora de história! Vou contar-lhes histórias de todos os tipos: amor,
romances passageiros, não correspondidos, crianças felizes que andam
pelas ruas com pedrinhas de brilhantes. Mas nem tudo são flores, contarei
também histórias de tristeza, rejeição, angústia e dor. Venha comigo, não
gosto de ser sozinha.

Antes de contar histórias que eu já vi e ouvi, vou contar-lhes a minha
história. Não é daquela que te faz ficar faminta e ansiosa para saber o que
acontecerá, mas não posso falar dos outros sem antes olhar para os meus
lindos olhos. Ops, meu próprio umbigo! Bem, nasci em 1987, filha de pais
trabalhadores, nunca me deixaram faltar nada. Sou filha única, porém
possuo um irmão, que, apesar de chato, sempre foi um alicerce para mim.


Às vezes até tenho pensamentos egoístas quando acho bom ter sido a única
filha, mas acho que seria legal uma irmã também. Contudo, como não
posso ter irmãs de sangue, tenho as de coração. Elas são vermelhinhas,
estão bem guardadas e seguras dentro de mim e são indispensáveis. São as
paredes da minha vida. Bem, agora estou com 22 anos, terminando o meu
penúltimo período da faculdade e já estou contando os dias para as minhas
férias. Eu disse contando? Sim! Também conto números. Conto também os
gatinhos da faculdade. Nossa, eles são deslumbrantes. Tem de todos os
tipos: loiros de olhos azuis, morenos de olhos verdes, altos, musculosos.
Como se fosse regra, há também os nerds, sempre segurando milhares de
livros com o óculos torto, totalmente desajeitado. A faculdade é quase um
paraíso amoroso. Sim, existe uma forma mista deste tipo de homem: bonito
e inteligente!


Durante esses quatros anos que passei naquela prisão, tive meus
momentos de altos e baixos. Períodos com matérias espetaculares e
períodos com professores insuportáveis. Sempre quis dar uma passagem de
ida sem volta a eles para o outro lado do mundo. Como quase todas as
meninas que iniciam esse caminho, conheci um veterano. Ele era quase um
deus grego! Era muito desejado, atleta e atraente. Não era exatamente
inteligente, tinha grana e seus pais podiam pagar para ele passar de ano
em qualquer faculdade. Porém, não sei o porquê nem como, ele veio até a

mim. Minhas amigas não conseguiam acreditar, acho que nem eu.
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Lembrança

- Às vezes prefiro fingir que sou cega. Prefiro não ver o que eu vejo. Prefiro fingir que essas coisas nunca existiram - disse-lhe, olhando para o céu.
- E você consegue? - voltou-se para mim, ainda sentado.
- Não, não na maioria das vezes. É difícil livrar-se de uma lembrança que perpetua em nossa memória.
- E o que aconteceu?
- Não sei bem... É que quando os seus sorrisos e risos se encontram, meu coração se parte. 
Segurou em minhas mãos e abraçou-me. Seu abraço era aconchegante, deixei que ali morresse minhas tristezas e angústias. Junto se foram minhas lágrimas. 

sexta-feira, 9 de agosto de 2013 0 comentários

Apresentação informal

Não sei bem como começar este texto. Na verdade, a gente raramente sabe como começar alguma coisa. Às vezes não damos o primeiro passo com medo de todo o resto do caminho ser defeituoso; dar errado. Também não sei sobre o que tratar nestas linhas: história de romance? Suspense? Terror? Tragédia? Comédia? Ou seria melhor fazer um texto argumentativo, ou mais profissional? Ou algum texto de ideias? Também não sei. Escrevo ao léu, sem rumo, sem escolher bem. Escrevo porque assim me sinto bem. Sem destinatário, sem hipocrisia, sem falsidade. Escrevo nas mais simples palavras para que um dia que possa vivê-las; se já não as vivo. Escrever talvez não seja o meu forte, porque me perco em pensamentos e ideias que me distanciam uma coerência textual melhor, por exemplo agora. Mas reúno comigo todas as palavras e formo cada frase com as verdades do meu coração. Ou dos meus pensamentos. Penso que viver assim seja liberdade. Liberdade de pensamento, de sentimento, de qualquer tipo de repressão. Sem público para te acusar. Sem plateia para te julgar. E é assim minha rotina neste imenso mundo restrito a um espaço em branco para ser preenchido de pequenos pontos pretos: quase sem querer. 
segunda-feira, 10 de junho de 2013 0 comentários

O hoje



Em meio a tantos descaso, acasos e desencontros estamos aqui, naquela velha e mesma rotina de seguir em frente sem olhar para o lado, muito menos para trás. Mas foi difícil abandonar tudo aquilo que eu tinha, tudo o que eu havia conquistado, mesmo sendo às vezes desnecessário. Eu precisei deixar muito de mim, e principalmente muito de você. Tive que abandonar a carga pesada de roupas que não cabiam mais em meu coração. Tive que abandonar marcas enrugadas do meu rosto por chorar sem cessar por algo que agora não mais possuo. Hoje sigo em frente, sem olhar os rastros que me levam para trás, para um abismo existencial de um tempo remoto. Solidão que antes me banhava, hoje se rebaixa ao ver meu sorriso. Angústia que me detinha por completa some ao ver o meu olhar tilintar minhas alegrias. Deixo-me levar por um caminho chamado felicidade, de sentimentos puros e pensamentos condescendentes.
segunda-feira, 13 de maio de 2013 0 comentários

Com amor e saudade



Estou morrendo. Não sei o que fazer, não sei como dizer. Em meio a todo transtorno de saúde que passei nestas últimas semanas, não parei para pensar como estavam os próximos. Eu não tenho medo da morte. Eu tenho medo de como as pessoas irão reagir depois que eu morrer. Tenho medo de que meus pais piorem, tenho medo que meus amigos chorem pelo que fui, tenho medo que você não seja feliz e não se apaixone outra vez por mim. Eu não queria ter me apaixonado por você por não querer que você se machucasse. Mas já estávamos envolvidos. Lembra quando a gente se conheceu? Naquela sala de hospital, eu a mexer no protótipo dos órgãos, até mesmo a derrubá-los, em meu jeito atroado de ser. Ou era. Nas minhas últimas semanas descobri o homem maravilhoso que existe atrás deste jaleco, atrás de todo o tempo dedicado a ficar entocado naquela droga de hospital. Quero que você siga em frente quando chegar a minha hora; sabemos que não demorará. Quando ver, já foi. Quero que você seja feliz ao seu modo! Já não consigo mexer minhas pernas, estou imóvel. A vontade que tenho é de sair correndo ao teu encontro, te abraçar, te beijar, mas tem algo dentro de mim que tomou todo o meu corpo e também a minha felicidade. Sei que essa hora chega para todo mundo, pena que chegou mais cedo para mim. Lembra daquela noite na pizzaria quando você se engasgou com um pedaço de azeitona? As pessoas olhavam para nós com pavor, mas nem ligávamos, porque o sorriso que trazíamos era maior que a vergonha que passávamos. Sentirei saudades de tudo o que vivemos. Sou muito grata por tê-lo, mesmo que por pouquíssimo tempo. Peço que agradeça aos meus amigos, não tenho muitas condições de escrever especialmente para cada um, mas que eles saibam que sentirei saudades de todas as babaquices que aprontamos juntos. Infelizmente também os magoei e não acho isso justo, ter que partir quando querem a gente por perto. Eu agradeço por todo tempo que dedicaram a estar comigo, guardarei tudo isto em meu coração. Eles são preciosos para mim, então cuida bem deles por mim, ta? Falei com meus pais, mas também quero incluí-los nesta forma carinhosa de dizer adeus aos amigos. Eles mais do que ninguém souberam me acolher e me amar de toda forma. Enfim, amor, não queria partir. Queria construir uma família com você, queria ter uma vida saudável ao seu lado, mas não posso. Talvez se eu não tivesse tido esta doença, não teria te conhecido. E eu morreria infeliz, talvez mais tarde, se isto acontecesse. Você foi meu melhor presente e meu melhor abrigo neste tempo. Não sei se posso cuidar de você, mas farei o possível; se eu não conseguir, promete que seguirá feliz? Eu amo você como nunca amei alguém, você é parte de mim e te levarei para onde eu for. Obrigada por fazer dos meus últimos dias os melhores. Aproveite as garotas, amor!


Com amor e saudade,
da sua eterna querida.
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Reunindo clichês

Este é o ciclo da vida. Você nasce, cresce, sonha e morre. Sonha até não poder mais. Então aparece algo - ou alguém - que acaba com tudo. Com a melhor cara, você necessita reconstruir o seu melhor sorriso e melhorar a sua vida. Mas que clichê, não?! Talvez eu não seja o que todo mundo pensa que sou. Não sou a menininha perfeita, não sou a menina do coração maravilhoso, que solta fogos de tanta alegria, tampouco sou a pessoa mais simpática que existe no mundo. Mas tive que quebrar a cara para entender que nem tudo - muito menos as pessoas - tem a obrigação de fazer aquilo que quero. O mundo é para aqueles que seguem de acordo com a maré. Mas eu não gosto da ideia de ser manipulada, então prefiro remar contra a maré, ainda que isso me custe alguns sorrisos e algumas alegrias. A gente precisa entender que não adianta bater o pé no chão porque um romance não deu certo. Não deu, adeus. O importante é sempre seguir em frente, lembra? A mágoa traz a lembrança de algo que por um instante foi bom, mas que no outro morreu, e doeu. Sempre foi difícil. A vida é difícil. Ainda que dê vontade de voltar para buscar tudo aquilo que deixou para trás, o passado já se foi, não há mais tempo para choramingar. Mas a gente vive, precisa viver. E vamos ter que seguir... Com esse vício de sonhar, com esse vício de querer. Quem não tem um mundo de fantasia não sabe saborear a beleza do viver. O sonho nos rouba da dor que a realidade traz. Por isso tem um gosto doce e meloso. Sempre acreditei em dias melhores, dias em que o sol parece voltar a sua luz inteiramente para nós só para podermos entender que há muita coisa pra ser vivida. Trago a certeza de que a vida é uma caixinha de surpresa, mas só cabe a nós a escolha certa; o caminho certo a seguir. Penso que a rosa não gostaria de ser arrancada do pé porque morreria. Mas ela não tem escolha. Tem que abrir mão do seu viver para que outros se sintam felizes. Ela não tem escolha, mas nós temos. Prefira sorrisos a lágrimas.
domingo, 14 de abril de 2013 0 comentários

É, amor

É verdade, amor. A gente só quer alguém que nos complete, que nos preencha. Mas que acima de tudo nos ame. A gente inventa, reinventa, se faz de versos para terminar a poesia. A gente sente saudade, provoca, aquece e transforma. É o cotidiano de um único caminho selado por dois corações.

- Sabe, às vezes me perco em pensamentos distantes... - o silêncio aparece, mas por pouco tempo, e ele o interrompe.
- Como assim?
- Imagino como será o nosso futuro.
- Como você imagina, senhorita?
Ele disse num tom engraçado, então rimos. 
- Bobo. Imagino assim, em três tons: eu, você e Deus. Depois continuo imaginando em quatro, com nossa casa; em cinco, com nossa família; e em seis, sete, oito, nove... com o nosso time de futebol.
- Ah, não me diga que enfim você aceitou ter um time de futebol. - rindo, tocou em minhas mãos - independente de quantos sejam, de como sejam, serão nossos. E vamos amá-los, da forma que são. Sei que eles serão lindos, porque antes de tudo, são imagem e semelhança de Deus. E depois, eles terão seus traços. Você é linda, meu amor. Seus olhos, seu rosto, sua boca. Cada detalhe seu. Seu interior consegue ser mais intenso e mais brilhante. Seus princípios, seu caráter, suas qualidades, e, acima disso, o seu coração. Para mim, é uma honra te ter como namorada. Honra maior será ser pai dos filhos teus.
- Ah, amor, você é incrível. - suas palavras me arrepiavam, a verdade em que eram ditas. Lágrimas escorriam, e a medida que saíam, ele as limpava. Seu jeito delicado me deixava incrivelmente louca.
- Eu sou assim por causa de você. Você me deixa assim. Saiba, meu amor, que eu me apaixono por você cada dia mais. E não tenho dúvidas de que é com você que passarei o resto da minha vida.

Hoje somos dois velhinhos. Diria que com espírito jovem. Saímos para passear no parque, na praça perto de casa. Visitamos e recebemos visitas de nossos netos. Somos prova viva de que o amor ultrapassa qualquer limite imposto pela humanidade, porque quando a gente ama de verdade, a gente só quer que o outro seja feliz. E melhor ainda quando a felicidade é a dois, dia a dia, lado a lado.
domingo, 31 de março de 2013 0 comentários

Fica comigo

Talvez ainda não entenda essa perseverança e desejo de todos os dias tentar-me conquistar. Ora, será mesmo que eu não entendo o amor? Sei que o que fazes por mim é isto. Dedicar-se inteiramente a mim. Mesmo que, em menos de cinco minutos, você se torne um desconhecido. Eu não queria que fosse assim, nunca pedi que o fosse. Eu amo você por tudo isso. Por me desejar a todo instante quando só o ignoro. Então me explica, por favor, o que é o amor.

- O amor somos nós, Leslie. - disse-me aquele rapaz que, desde a manhã, contou-me a história de romance.

- Quem é você? Por que me fala estas coisas?


Na verdade, eu não me importo em todos os dias, da mesma forma, contar-lhes uma bela história de amor. Ainda que os médicos digam que não há possibilidade de uma total melhora, eu não vou desistir. Ela é o amor de minha vida e eu nunca irei abandoná-la. Agora entendo o valor de milésimos de segundo, porque necessito aproveitá-los para conseguir expressar-lhe o quanto a amo. E, então, voltar ao amor que sempre nos moveu. Tê-las em fração de segundos é como bailar sobre as nuvens sem tempo. As pessoas não vão entender o que faço, o que aconteceu e o porquê de ainda fazer. Mas não importa, ainda a amo, e esse amor nunca morrerá. Não em nós. Não enquanto vivermos. E mesmo velhos, sei que teremos tempo para saborear. Mas fica, Leslie, fica comigo.

sexta-feira, 22 de março de 2013 0 comentários

Amor de rugas

Ninguém sequer tinha ideia do que se passava dentro de mim, um turbilhão de sensações, de desejos, de pensamentos. Em cada olhar proibido sentia como uma máquina do tempo, fazendo-me lembrar quem sou e com quem estou. Mas não era isto que eu queria... Eu queria você. Queria, quero, e não pude, e não posso ter.

Então, no cenário incomparável e romântico, estava ele a contemplar o céu, a lua e as estrelas, um espetáculo de luzes. Mais que por impulso, fui ao encontro. Seu olhar, seu corpo, seu sorriso, tudo fazia de mim culpada. E por mais que esta sentença fosse grave, eu já não podia mais evitar.
- Posso também? - perguntei.
- Claro, claro, pode sim.
Deitei-me, também a contemplar aquele céu estrelado. Não conseguia, como um ímã, meus olhos iam de encontro aos deles.
- Está lindo, não é? - perguntou-me, ainda a olhar para cima.
- Sim, está maravilhoso. Em Nova York é difícil ver um cenário como este.
- Em Londres também. Talvez por isso eu goste tanto da natureza. É uma forma de refúgio.
- Refúgio de que?
- Da dor, da mágoa, da solidão, da perda, da infelicidade. De tanta coisa, menina.
Sem saber o que responder, restou-me o silêncio. Como se lesse a minha mente, numa sincronia perfeita, delicadamente tocou em minha mão. Não reagi, deveria, mas não podia. Em sequência, levantou-se um pouco a ficar de fronte a mim. Seu rosto, sua respiração, seu toque, eu podia sentir agora de perto. Era tudo tão perfeito. Levantou a outra mão até o meu rosto, acariciou-me, tocando em meus lábios e em todo meu rosto. Levou-a então ao meu cabelo, alisando-o, tirando-o do que o impedia de beijar-me. Já não tinha como evitar, rendi-me. Beijou-me com a maior calma, num toque delicado, em beijos macios e duradouros, como nenhum antes. Tenho que parar de alguma forma, e parei. Não consegui olhá-lo e saí. Saí para nunca mais voltar. Nunca? Quiçá. Parti.

Agora, depois de tantas rugas, tantos anos, tantas vidas, estou aqui, à procura de um amor que deixou marcas, de um amor que para sempre amarei, do mais terno e verdadeiro amor, o meu. Onde você está? Estou livre agora... Pode me encontrar? Por favor.
sábado, 9 de março de 2013 0 comentários

Vem, vamos além

Ela estava hesitante à resposta que deveria dirigir-me. Havia um abismo entre nós, abismo de tantos anos, da adolescência ao envelhecimento. Mas o que pudera fazer? Nunca amei outra senão a ela. Queria render-se, mas sabia que não convinha. Vem! - chamei-a, num gesto ao abrir os meus braços delicadamente ao seu encontro. Ela não deveria resistir, ela não poderia fazer isto. O toque suave do seu rosto ao encostar no meu, cabelos macios, boca acentuada. Rendi-me, como antigamente, mesmo não o sendo. Era ela quem estava ali, e nada mais me importava.

O diário de Dylan foi encontrado após o incidente ocorrido. Ninguém nunca imaginaria aquilo. Eram já idosos, mas com tanto amor que não lhes cabia. Foram encontrados, Dylan e Nich, no lugar mais terno e mais singelo de verdadeiro carinho e amor, abraçados. Eles nem sabiam o que aconteceria. Mas apesar de tudo, o que importava era que estavam juntos. Mesmo depois de tanto tempo. Mesmo depois de serem mortos pelo desmoronamento do hotel em que estavam...
sábado, 2 de março de 2013 0 comentários

Shiu!

Amores silenciosos são os meus prediletos. Não aqueles que silenciam entre si, mas aqueles que silenciam a sociedade. Shiu! - disse-me a pequena de tão pouca idade. Não entendi o que dissera-me. Apontou, então, para um casal de namorados que se encontravam sentados num daqueles playgrounds. Ela, mais do que ninguém e antes de qualquer um, conseguiu enxergar o carinho e amor que existia entre eles. Paralisada estava e assim permaneceu. Estava extraordinariamente concentrada, talvez desejando que aquele amor fosse possível na vida dela. Vamos, vamos! - berrou a mãe, puxando-a violentamente pelo braço. Foi com a mãe, sonhando, imaginando, iludindo-se. Mas não podia deixar desapercebido tamanha sensibilidade da garotinha. A mãe não a amava, e ela queria ser amada. Fora aí que eu entendera que nem todos os amores são silenciosos, muitos menos verdadeiros.
sexta-feira, 1 de março de 2013 0 comentários

Partiu


Você partiu.
                   Partiu para longe de mim,
                                                            partiu para nunca mais voltar,
                                                                                                       e mais do que isso,

partiu o meu coração.

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