Lembro de cada momento, dos mais doídos aos mais ternos. Ela
o tinha, e ele estava bem distante de uma realidade a dois comigo. Por vezes,
lembrar de tudo isso é traiçoeiro, mas escrever, pra mim, é forma de me
libertar, dos sentimentos, dos pensamentos, sobretudo, de tudo que me incomoda.
Havia momentos em que eu olhava para o Céu, e ao contemplar
as estrelas e a incrível radiação da luz da Lua, naquele silêncio, e nos
imaginava. Fechado os olhos, formava imagens e cenas: nós dois sentados à beira
da piscina, sem preocupação, um ao lado do outro, com os pés na água a
balançar, com um sorriso incapaz de decifrar e explicar. Nós ali, embalados e
envoltos por um amor que jamais fora visto antes. Então eu abria os olhos e
percebia que nada daquilo era realidade, puro sonho, e doía pensar que eu nunca
poderia te ter por perto, que eu não podia sentir o teu toque, o teu cheiro e
ter o teu amor.
A dor era esmagadora. Não, você não tinha noção. Por mais
que eu fosse pequena, aquilo machucava muito, ninguém sequer fez algo comigo
daquela forma. Por mais que eu agisse de certas formas, não tinha explicação o
que havia acontecido. Tudo bem, você era um príncipe e eu plebéia, maturidade,
por mais que digam, muitas vezes não foi meu forte, e talvez por isso, perdi o
que eu mais queria, o que eu mais tinha de precioso: a alegria de poder amar
você.