domingo, 30 de dezembro de 2012 0 comentários

Adeus, doce ano, dezembro.

Esta é a minha última postagem deste ano, deste mês de dezembro. Pensei durante a semana o que eu deixaria aqui, se colocaria algumas citações que me marcaram, ou músicas que me representaram todo o tempo, ou talvez uma declaração para o meu amor ou para um amigo que longe estará próximo ano.
Há uma parte de mim que desconheço, afinal, sou um ser inacabado. Mas há outra que está bem exposta: mas nem todos conseguem enxergar. Sou complicada, de verdade. Escuto isso todas as vezes que vou à loja e não gosto das combinações ou de qualquer sandália que é bonita para todos, menos para mim; ou até quando minha mãe faz alguma comida realmente gostosa e eu nem sequer provo porque achei feio ou porque, sei lá, compliquei. E vai ser assim, por muito tempo. Nasci numa família abençoada, graças a Deus, onde o principal motor é a fé. Nunca tive riquezas, nunca tive luxo. E não quero. Tudo isso faz a pessoa pior, todos sabem disso. Sempre há um lado humano que fala mais alto que a humildade que deveríamos ter. Minha primeira casa? Ah, como era bom morar lá! Ainda era de telha, era comprida, não tanto, mas era, comparada às demais. Era uma vida mansa, ia e voltava de carro da escola, tinha comida, braço, água, mamadeira, qualquer coisa, na hora que quisesse. Nunca nos faltou pão na mesa. E isto é maravilhoso. Passei a frequentar colégio de riquinhos. Por um lado foi bom, tive uma excelente educação, e boa parte devo ao mesmo; por outro, talvez, sei lá, eu pudesse ser mais eu, deixar de lado as diferenças, ou até mesmo a superioridade. A que? Nem eu sei, mas há. Sempre há. Cultivei ótimas amizades, teve este lado bom também.
Enfim, hoje sou o que sou pelo que um dia eu fui, deixando e sem deixar de ser, apenas sendo. Sofri o que nunca imaginei sofrer. Trouxe sorrisos à boca por motivos que valeu por muitos momentos. Aqui estou, um ser inacabado, com fortes dores por ser moldada, mas sorrindo, porque sei que vou ficar belíssima pra Ele quando estiver pronta! Carrego comigo muitos sonhos, dores, amarguras, angústias, tristezas, sorrisos, alegrias, memórias, doces lembranças, boas chuvas, suaves brisas e objetivos a serem alcançados. Não quero nada na pressa, ela é inimiga da perfeição. Também não quero nada totalmente perfeito, só quero que seja bom, que me faça feliz, que antes de tudo, que valha a pena.
Não falei de nada que mencionei no início. Proposital? Quiçá. De alguma maneira queria que conhecesse um pouco do que me conheço, para ir ao desconhecido. Conhecer para poder amar. Amar sem temer. Respeitar. Viver. Superar. Sorrir. Cair. Levantar. Erguer os braços e o coração para louvar. 
Meu ano foi bom. Foi do jeito que tinha que ser. Minha meta para o próximo? Deixa estar, o que vier é lucro, e o que sair ainda mais. A gente dá um jeito. Empurra com a barrigada, tropeça, mas levanta. É assim o ciclo da vida, e alguns se permitem ser marionetes dela.
Um abraço enorme para você que perde seu tempo lendo tudo o que posto, sou grata por às vezes também perder meu tempo aqui. Mas é o tempo perdido mais valioso que eu tenho. E é por isso que deixo esse carinho aqui, bem grande. Fique com Deus!
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Uma Carta de Amor

"Você me pede uma carta de amor. É difícil que ela não seja banal. Ou que não seja triste. Ou que não seja lúcida. Preferia dizer “te gosto”, simplesmente. Você faz cara de tristinho, e pede mais. Te amo, pelo que você é, mas também pelo que eu sou quando estou com você. Te amo, não somente pelo que você fez de você, como pelo que você está fazendo de mim. Te amo, pela descoberta que você fez da melhor parte de mim mesma. E também por você ter entrado no meu coração e ignorado os caprichos, as fraquezas, as limitações, as fantasias, ter trazido à luz um mundo de coisas lindas que eu mesma ignorava. Te amo, por você ter entrado no meu corpo e me delimitado de norte ao sul, de este a oeste, e de ter feito meus sentidos vibrarem como uma orquestra. Eu te amo, e cada dia é como se fosse uma vida inteira. E eu te amo pelas mil vidas que você me dá. Te amo, sei lá, porque às vezes você me faz sentir-me criança, e porque você fez por mim mais do que qualquer criatura faria para que eu fosse boa e qualquer destino para que eu fosse feliz. E tudo isso, simplesmente, sendo você. Te amo com uma ternura inadequada. E te quero com exclusividade. Com desprendimento, com desespero, e com paz. E amo o menino que há em você. E o homem. Amo sua posse. Ela vem devagarinho. Como o mar. E me sinto uma praia pacificada. Amo até, que doidice, o teu desamor. Esse esfacelamento que cada ausência tua fez de mim. Essas ausências estão com você, são pedaços de mim, calçados em ti como feridas. Cada limite do teu corpo, meu amor, tem um caco de mim. E eu tenho ciúmes desses cacos. Era a minha intimidade, minha virgindade. Nós, meu amor, sou eu. Você, é o que eu rio, o que eu choro, cada gota de água que eu bebo. Te amo, meu amor, por aquele botequim que a gente sentava e eu vendo tuas mãos, aquelas mãos fortes de que eu conheço todos os detalhes. Te amo pelos nossos risos nervosos, pela cicatriz dos teus beijos no meu corpo, por aquele abraço de surpresa pelas costas, o cheiro na nuca que não era cheiro, era carinho. Carinho demais da conta. Lembra daquela noite? Daquela... foram tantas, né? Aquela do sofá que eu tava com medo que acabasse, que você não viesse no dia seguinte, que você me deixasse. Você jurava que não. Mas isso acontece, bobo. A gente se deixou. E você pede carta de amor, assim de bobeira, não é? Ou por que é? Naquela noite eu quis fazer de você uma massa, uma forma, uma pedra, um cais, uma cruz. E me pregar nela. Com você. Amor tem dessas coisas, bem. A gente vai se dando, se dando, e acaba esquecendo do choro, da mágoa, das esperas, dos ressentimentos. Fica tudo uma coisa só. Poderosa. Massacrante. Indestrutível. Fica aquilo queimando dentro da gente. Ardendo. Como um fogo que não se apagasse mais. Te amo. E te perdoo. Os cacos, as cicatrizes, aquela dor tão grande de te perder, deixa isso pra lá. Valeu a fissura que hoje eu sou. Uma fissura só. Valeu, amor, por tudo que eu quis e você não soube. Sobre tudo isso."
 
Marisa Raja Gabaglia
do livro: Casos de Amor
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012 0 comentários

Ficar

Ficar deveria ter outro significado entre as pessoas, entre os jovens e adolescentes. Não se acomodar com apenas um beijo, um ficar passageiro. Pedem pessoas que fiquem, para sempre, um tempo duradouro, mas não fazem isso para com os outros. É disto que precisamos: pessoas que não se vão com uma palavra mal dita, que ficam quando menos merecemos, que ficam para dizer que tudo está bem... Pessoas que ficam e não dizem adeus. Não sei se poderia chamar de interessante, mas tem pessoas que vão e ficam, ao mesmo tempo. Deixam um pouco de si em cada rastro da nossa história. Deixam um pouco de lágrimas em nossos olhos e em nossos corações. Deixam um pouco de alegria em nossa alma. Deixam um triste adeus e uma eterna saudade. Sou carente, sou sim. Sou carente de sorrisos, sou carente de pessoas amigas, sou carente de bons ouvidos, sou carente de bons beijos, sou carente de abraço apertado. Sou carente porque eu necessito. Também sou humana e preciso de pequenos detalhes que me preencham. E quando eu te encontrar, em qualquer lugar, com um pôr-do-sol, com chuva, com ar fresco, se eu pedir que você fique, por favor, não se vá. Quero você comigo, a cada segundo, a cada minuto, até que a morte nos separe.

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