domingo, 31 de março de 2013 0 comentários

Fica comigo

Talvez ainda não entenda essa perseverança e desejo de todos os dias tentar-me conquistar. Ora, será mesmo que eu não entendo o amor? Sei que o que fazes por mim é isto. Dedicar-se inteiramente a mim. Mesmo que, em menos de cinco minutos, você se torne um desconhecido. Eu não queria que fosse assim, nunca pedi que o fosse. Eu amo você por tudo isso. Por me desejar a todo instante quando só o ignoro. Então me explica, por favor, o que é o amor.

- O amor somos nós, Leslie. - disse-me aquele rapaz que, desde a manhã, contou-me a história de romance.

- Quem é você? Por que me fala estas coisas?


Na verdade, eu não me importo em todos os dias, da mesma forma, contar-lhes uma bela história de amor. Ainda que os médicos digam que não há possibilidade de uma total melhora, eu não vou desistir. Ela é o amor de minha vida e eu nunca irei abandoná-la. Agora entendo o valor de milésimos de segundo, porque necessito aproveitá-los para conseguir expressar-lhe o quanto a amo. E, então, voltar ao amor que sempre nos moveu. Tê-las em fração de segundos é como bailar sobre as nuvens sem tempo. As pessoas não vão entender o que faço, o que aconteceu e o porquê de ainda fazer. Mas não importa, ainda a amo, e esse amor nunca morrerá. Não em nós. Não enquanto vivermos. E mesmo velhos, sei que teremos tempo para saborear. Mas fica, Leslie, fica comigo.

sexta-feira, 22 de março de 2013 0 comentários

Amor de rugas

Ninguém sequer tinha ideia do que se passava dentro de mim, um turbilhão de sensações, de desejos, de pensamentos. Em cada olhar proibido sentia como uma máquina do tempo, fazendo-me lembrar quem sou e com quem estou. Mas não era isto que eu queria... Eu queria você. Queria, quero, e não pude, e não posso ter.

Então, no cenário incomparável e romântico, estava ele a contemplar o céu, a lua e as estrelas, um espetáculo de luzes. Mais que por impulso, fui ao encontro. Seu olhar, seu corpo, seu sorriso, tudo fazia de mim culpada. E por mais que esta sentença fosse grave, eu já não podia mais evitar.
- Posso também? - perguntei.
- Claro, claro, pode sim.
Deitei-me, também a contemplar aquele céu estrelado. Não conseguia, como um ímã, meus olhos iam de encontro aos deles.
- Está lindo, não é? - perguntou-me, ainda a olhar para cima.
- Sim, está maravilhoso. Em Nova York é difícil ver um cenário como este.
- Em Londres também. Talvez por isso eu goste tanto da natureza. É uma forma de refúgio.
- Refúgio de que?
- Da dor, da mágoa, da solidão, da perda, da infelicidade. De tanta coisa, menina.
Sem saber o que responder, restou-me o silêncio. Como se lesse a minha mente, numa sincronia perfeita, delicadamente tocou em minha mão. Não reagi, deveria, mas não podia. Em sequência, levantou-se um pouco a ficar de fronte a mim. Seu rosto, sua respiração, seu toque, eu podia sentir agora de perto. Era tudo tão perfeito. Levantou a outra mão até o meu rosto, acariciou-me, tocando em meus lábios e em todo meu rosto. Levou-a então ao meu cabelo, alisando-o, tirando-o do que o impedia de beijar-me. Já não tinha como evitar, rendi-me. Beijou-me com a maior calma, num toque delicado, em beijos macios e duradouros, como nenhum antes. Tenho que parar de alguma forma, e parei. Não consegui olhá-lo e saí. Saí para nunca mais voltar. Nunca? Quiçá. Parti.

Agora, depois de tantas rugas, tantos anos, tantas vidas, estou aqui, à procura de um amor que deixou marcas, de um amor que para sempre amarei, do mais terno e verdadeiro amor, o meu. Onde você está? Estou livre agora... Pode me encontrar? Por favor.
sábado, 9 de março de 2013 0 comentários

Vem, vamos além

Ela estava hesitante à resposta que deveria dirigir-me. Havia um abismo entre nós, abismo de tantos anos, da adolescência ao envelhecimento. Mas o que pudera fazer? Nunca amei outra senão a ela. Queria render-se, mas sabia que não convinha. Vem! - chamei-a, num gesto ao abrir os meus braços delicadamente ao seu encontro. Ela não deveria resistir, ela não poderia fazer isto. O toque suave do seu rosto ao encostar no meu, cabelos macios, boca acentuada. Rendi-me, como antigamente, mesmo não o sendo. Era ela quem estava ali, e nada mais me importava.

O diário de Dylan foi encontrado após o incidente ocorrido. Ninguém nunca imaginaria aquilo. Eram já idosos, mas com tanto amor que não lhes cabia. Foram encontrados, Dylan e Nich, no lugar mais terno e mais singelo de verdadeiro carinho e amor, abraçados. Eles nem sabiam o que aconteceria. Mas apesar de tudo, o que importava era que estavam juntos. Mesmo depois de tanto tempo. Mesmo depois de serem mortos pelo desmoronamento do hotel em que estavam...
sábado, 2 de março de 2013 0 comentários

Shiu!

Amores silenciosos são os meus prediletos. Não aqueles que silenciam entre si, mas aqueles que silenciam a sociedade. Shiu! - disse-me a pequena de tão pouca idade. Não entendi o que dissera-me. Apontou, então, para um casal de namorados que se encontravam sentados num daqueles playgrounds. Ela, mais do que ninguém e antes de qualquer um, conseguiu enxergar o carinho e amor que existia entre eles. Paralisada estava e assim permaneceu. Estava extraordinariamente concentrada, talvez desejando que aquele amor fosse possível na vida dela. Vamos, vamos! - berrou a mãe, puxando-a violentamente pelo braço. Foi com a mãe, sonhando, imaginando, iludindo-se. Mas não podia deixar desapercebido tamanha sensibilidade da garotinha. A mãe não a amava, e ela queria ser amada. Fora aí que eu entendera que nem todos os amores são silenciosos, muitos menos verdadeiros.
sexta-feira, 1 de março de 2013 0 comentários

Partiu


Você partiu.
                   Partiu para longe de mim,
                                                            partiu para nunca mais voltar,
                                                                                                       e mais do que isso,

partiu o meu coração.

Total de visualizações de página

Tecnologia do Blogger.

Seguidores

 
;