sexta-feira, 22 de março de 2013

Amor de rugas

Ninguém sequer tinha ideia do que se passava dentro de mim, um turbilhão de sensações, de desejos, de pensamentos. Em cada olhar proibido sentia como uma máquina do tempo, fazendo-me lembrar quem sou e com quem estou. Mas não era isto que eu queria... Eu queria você. Queria, quero, e não pude, e não posso ter.

Então, no cenário incomparável e romântico, estava ele a contemplar o céu, a lua e as estrelas, um espetáculo de luzes. Mais que por impulso, fui ao encontro. Seu olhar, seu corpo, seu sorriso, tudo fazia de mim culpada. E por mais que esta sentença fosse grave, eu já não podia mais evitar.
- Posso também? - perguntei.
- Claro, claro, pode sim.
Deitei-me, também a contemplar aquele céu estrelado. Não conseguia, como um ímã, meus olhos iam de encontro aos deles.
- Está lindo, não é? - perguntou-me, ainda a olhar para cima.
- Sim, está maravilhoso. Em Nova York é difícil ver um cenário como este.
- Em Londres também. Talvez por isso eu goste tanto da natureza. É uma forma de refúgio.
- Refúgio de que?
- Da dor, da mágoa, da solidão, da perda, da infelicidade. De tanta coisa, menina.
Sem saber o que responder, restou-me o silêncio. Como se lesse a minha mente, numa sincronia perfeita, delicadamente tocou em minha mão. Não reagi, deveria, mas não podia. Em sequência, levantou-se um pouco a ficar de fronte a mim. Seu rosto, sua respiração, seu toque, eu podia sentir agora de perto. Era tudo tão perfeito. Levantou a outra mão até o meu rosto, acariciou-me, tocando em meus lábios e em todo meu rosto. Levou-a então ao meu cabelo, alisando-o, tirando-o do que o impedia de beijar-me. Já não tinha como evitar, rendi-me. Beijou-me com a maior calma, num toque delicado, em beijos macios e duradouros, como nenhum antes. Tenho que parar de alguma forma, e parei. Não consegui olhá-lo e saí. Saí para nunca mais voltar. Nunca? Quiçá. Parti.

Agora, depois de tantas rugas, tantos anos, tantas vidas, estou aqui, à procura de um amor que deixou marcas, de um amor que para sempre amarei, do mais terno e verdadeiro amor, o meu. Onde você está? Estou livre agora... Pode me encontrar? Por favor.

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