sexta-feira, 28 de março de 2014 0 comentários

Fique comigo, por favor.

Eu poderia escrever toda a minha história aqui, mas tenho certeza que nas entrelinhas você vai entender o que se passou. Mas entender é totalmente diferente de sentir, e, enquanto você entende, o peso do meu sentir dói, cada vez mais. Dizer adeus pode não ser o fim, e não quero que seja. Não quero que seja o meu fim e também o dele. Ele, o meu depositário de confiança, amor, desejo, sonhos, anseios. Ele precisa permanecer firme, por mim e pelo bebê que estamos esperando. Sei o quanto foi difícil para ele ter que aceitar esta criança, porque, em meio a tantas ocorrências propostas pelos médicos para me salvar, eu preferi salvar uma vida que diariamente dava chutes em mim, mas que me acalentava e saciava o meu terno desejo de ser mãe. Não poderia expor a tanta radiação, quimioterapia pesada e deixar que por um aborto terapêutico ela pudesse deixar de existir.

- Só quero que você me entenda, Michael. Eu não posso, realmente não posso fazer isso. Sei que está chegando o meu fim, e preciso deixar algo pra você. Para você cuidar e amar, assim como tenho certeza que me ama.
Ele não conseguia olhar em seus olhos, apenas silenciava enquanto escutava, apoiando seu queixo em seu joelho. Era uma dor insuportável e, querendo ou não, ele precisava aceitar.
- Você me ama, Lil?
- Claro que eu te amo, Michael, e você sabe muito bem disso.
- Então fique, fique comigo, por favor. Eu não consigo fazer isso sozinho.
Então, ela lembrou-se daquelas páginas em meio à bagunça da cozinha, que estavam repletas de apenas duas palavras: por favor; repetidas inúmeras vezes, até completar 21 páginas.
- Eu vou ficar, Michael. - Disse-lhe, envolvendo-o com meu abraço e minhas lágrimas. 

 Era algo que infelizmente eu não poderia fazer nada. Era algo que crescia em mim e não havia algo para fazer diminuí-lo. Eram dores, cansaço, medo e anseios. Mas era esse o único caminho: eu o deixaria, fisicamente, mas deixaria com ele a nossa filha, que terá olhos verdes e cabelos escuros, como o do pai. Eu sei que ele se sairia bem. Eu precisava acreditar nisso. 
quarta-feira, 5 de março de 2014 0 comentários

Canção sobre treze meses

Voam... Como se quisessem ir além
e pousar em algum lugar distante.

Mas voltam, porque sabem que seu
lugar é somente aqui.

Assim são as palavras que agora fogem
para tentar, ao menos, lhe felicitar.

Cada segundo a mais sempre é uma neohistória. Reiventando, reciclando, perpetuando. É uma poesia sem limite. É um sentimento (des)consertante. É um querer mais que bem-me quer. Se um segundo é importante, imagina a grandeza de juntá-los e, assim, formarem um ano e um mês. Um amor. Um só. Um sorriso. Uma felicidade. É um artigo indefinido muito bem definido. É meu. É possessivo, sem ser. Apenas é. Apenas somos. Nós, eu-e-você, sem separação. Sem (con)jugação.

E todo um predicado pra ser...

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